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Audiência Pública - Diálogo

Publicada em 29/10/2021

A Comissão de Cidadania e Direitos Humanos promoveu na manhã desta sexta-feira (29) audiência pública virtual para a apresentação dos vídeos vencedores do projeto Curta na Educação 2021, este ano com a temática sobre a importância do diálogo. Os vídeos foram produzidos e dirigidos por jovens do Ensino Médio de escolas católicas, durante o período de isolamento social em decorrência da pandemia. 

 
O vídeo vencedor na categoria Ensino Fundamental foi o documentário Dialogar… nesta prática você faz a diferença, produzido  por alunos do 6º ano do Ensino Fundamental II – Turma 641, da Escola São Francisco Zona Sul, de Porto Alegre. Na categoria Ensino Médio, a primeira colocação foi para o documentário Metamorfose, dos alunos do 1º Ano do Ensino Médio - Turma 211, do Colégio Maria Auxiliadora, de Canoas.
 
A iniciativa é da Associação Nacional de Educação Católica do Brasil, que há dez anos vem promovendo essa ação entre os estudantes, como forma de estimular ações pontuais, sempre com a Campanha da Fraternidade como referencial para as temáticas dos vídeos. A audiência da CCDH, para apresentação dos vídeos vencedores e debate do tema, foi proposta pela ANEC e pelo deputado Airton Lima (PL), presidente da CCDH.
 
Mas foi a vice-presidente da comissão, a deputada Sofia Cavedon (PT), que coordenou a recepção aos primeiros painelistas, a secretária estadual da Educação, Raquel Teixeira, a presidente do Conselho Estadual de Educação, Márcia Carvalho, a promotora de Justiça Luciana Casarotto, do MP,  o presidente do Sindicato do Ensino Privado do RS, Bruno Eizerik, e a Irmã Selma, representando a Associação Nacional de Educação Católica do Brasil.
 
A deputada comentou, inicialmente, a relevância do tema deste ano, Diálogo, pela sua atualidade no contexto político e social do país e, em especial, por envolver os adolescentes das escolas de Ensino Fundamental e Médio. Ela elogiou a qualidade do conteúdo e técnica das produções, destacando o envolvimento dos jovens para resolver conflitos num contexto de desigualdade, assim como os conflitos políticos. “Não é fácil construir avanços sociais que desacomodam privilégios”, observou Cavedon, referindo-se ao contexto de disputa acirrada pela riqueza do país, “se vai para todos ou vai concentrar”, defendendo como base da discussão a educação para a democracia, “vivemos 30 anos de ditadura e não aprendemos a conviver com a democracia”.
 
Pela ANEC, a Irmã Selma saudou os participantes e destacou a importância dessa ação como instrumento de construção de conceitos entre os educadores e os estudantes. Ressaltou os cuidados adotados durante a pandemia, não só no que diz respeito à educação formal, mas da educação social também. “Essa é uma das finalidades também do Curta na Educação”, explicou, “para aproximar as redes, dialogar sobre as conquistas e desafios em conjunto”, em especial sobre o ambiente de polarização e falta de diálogo instaurado no país. 
 
A secretária estadual da Educação, Raquel Teixeira, elogiou a iniciativa que leva às escolas o estímulo à reflexão, em especial ao abordar a polarização e as rupturas sociais até mesmo no âmbito familiar. Citou pesquisa sobre a juventude e a pandemia com relatos dos estudantes que apontou o aumento dos conflitos nas famílias (50%), de ansiedade (61%), aumento de dependência das redes sociais (57%), e também de alcoolismo, tabagismo, drogas, automutilação e suicidio. Por isso a importância do diálogo, “precisamos aprender a dialogar”, salientou a secretária, destacando o respeito e a tolerância como bases de um país democrático. 
 
Logo após a apresentação dos dois vídeos vencedores, manifestaram-se a professora Eliana Oberlaender, do Colégio Maria Auxiliadora, de Canoas, contando detalhes da elaboração e execução do projeto pelos jovens, resultado de reflexão sobre a violência decorrente da falta de diálogo, o desprezo de algumas culturas, questões econômicas e sociais que se agravaram nos últimos anos e a ausência de escuta das pessoas que estão em sofrimento por essa situação. Daí surgiu a ideia de abordar o sofrimento e a angústia dos adolescentes durante o isolamento social provocado pela pandemia. E o aluno Gabriel Barreto Estivalet, 15 anos, do Colégio Maria Auxiliadora, revelou as aflições da turma na elaboração do roteiro, do conteúdo e das gravações, tudo mediado pelo diálogo, o balizador da produção visual e referencial da experiência estimulada pela escola.
 
Também a professora Patrícia Leite Narcizo e a aluna Rafaela Cantelli dos Santos, da Escola São Francisco Zona Sul, de Porto Alegre, discorreram sobre o desafio da edição deste ano do Curta na Educação.
 
Por último, o jornalista Luiz Vendramin Andreassa, formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e pós-graduado em Ciência Política pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, que atua no gerenciamento de redes sociais, discorreu sobre a difícil tarefa dos jovens de tratar de assunto que mobiliza o mundo polarizado e com as sociedades divididas e radicalizadas nas disputas políticas e no debate público. “A polarização está ligada à intolerância, a principal inimiga do diálogo”, referencial para definir uma democracia plena. Ele mostrou pesquisa recente em 28 países sobre a percepção da polarização e do diálogo, onde o Brasil aparece com índices elevados. A percepção de diferença entre etnias do país foi de 73% aqui, e a média em outros países foi de 62%; entre pobres e ricos, os brasileiros indicaram 79% e 60% no exterior; entre progressistas e conservadores, 76% aqui e 65% em outros países; a tensão entre partidários antagonistas no Brasil é de 83% e 69% no estrangeiro. É uma ideia do resultado da falta de disposição para o diálogo, definiu Andreassa, com repercussão em todos os ambientes do cotidiano.
 
A audiência foi acompanhada pelos estudantes Ana Clara Miranda Crestani e Guilherme Alves Groos, estudantes da Escola São Francisco Zona Sul, de Porto Alegre; Anna Gabriela Bortolacci Crescencio e Ana Paula Hauck do Nascimento, do Colégio Maria Auxiliadora, de Canoas; e Mileny Muller Rauber, do Instituto São Francisco Pallotti, de Porto Alegre. 

Fonte: Agência de Notícias ALRS

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